Ser Psicólogo
Não apenas uma profissão… mais uma missão… missão de existir para escutar, ajudar, animar, dar afecto, compreender, interpretar. É desequilibrada, o peso de quem padece se transporta para aquele que, como psicólogo, foi treinado para bem ouvir. Ingrata profissão, não és apenas um, és todos aqueles que a ti se te dirigem, na desesperança, na agonia, no desespero, na loucura, na solidão major. Carregas ao ombro tantas cabeças distorcidas, tantos corações sós, oprimidos, traumatizados. Carregas a dor de todos, e ainda assim existes tu, a tua vida própria, por vezes tão ou mais desesperante mas que despercebida passa por todos que tentas apoiar. Psicólogo nunca tem problemas, assim julgam todos, não é apenas amigo, é psicólogo; não foi destinado para desabafar o que sente, por mais graves que sejam seus problemas, por mais difícil que seja sua vida, apenas serve para socorrer gentes pobres de amor. Um psicólogo guarda escondido em si sua alma, pois que vive a vida apenas dos outros e a sua é sempre descurada. Psicólogo tem que saber agir, porque estudou, sabe que métodos há para sair do poço, para evitar o naufrágio, sabe os erros que comete e sabe como corrigi-los, mas nunca no mundo digam que existem psicólogos perfeitos. Mas porquê? Profissão que aniquila um ser humano que está por detrás, o afasta, o desvaloriza, o impede de falar, de gritar, de sentir, sofrer, rir e ser feliz. Em momentos amargos, iludido, procura alguém para abrir sua alma tão pobre de amor-próprio, tão sedenta de carinho, tão tosca como obra de arte desistida e encontra de lá a incompreensão, a falta de um ouvir atento, o minimizar do sofrer. Porque não é correcto nem sensato pensar que um psicólogo tem problemas… um psicólogo é como um caixeiro viajante que carrega em si o peso do mundo e com isso, mais a sua dor, caminha a passos cambaleantes e trôpegos, pelo mundo, onde nunca lhe é permitido errar, nem ser feliz.Felicidade haverá contudo, quando psicólogo se é por vocação, quando existe uma entrega total ao outro, aceitando, como um seminarista tornando-se padre, votos de castidade e resignação. Quando de consciência se actua, ignorando o próprio ser, é-se feliz por tão só ver a felicidade dos outros, por fazer com que de uma ruína humana abandonada, se construa um monumento triunfante, belo, equilibrado e enaltecido. Jamais alguém, por mais que faça, que construa, que se esforce, por mais dinheiro que possua, por mais “amigos” que tenha, por mais sucesso profissional que obtenha, por mais “amor” que sinta de todos os conhecidos, felicidade não existe assim. A felicidade existe da comunhão com os outros, da entrega aos outros, da entrega total do amor que temos em nós. Então se assim é, todos os psicólogos são pessoas altamente felizes, não poderão desejar mais, porque o que todos anseiam anos durante a vida, eles o têm, se cumprirem as regras da profissão e tiverem vocação para ajudar o próximo. Será isto verdade? Paradoxalmente, então, como uma pessoa pode reunir em si mesma dois estados antagónicos: a máxima felicidade e a máxima tristeza de todas as almas que carrega? Não é feliz, nem totalmente triste. Vive num vaivém, onde as vitórias em psicoterapias bem sucedidas dão ânimo, mas por outro lado, visto como perfeito e sempre feliz, nunca consegue um apoio quando falha na sua profissão ou tão somente na sua vida privada, que a tem de fato, embora ignorada.
PARABÉNS A TODOS OS PSICÓLOGOS E AOS QUASE PSICÓLOGOS ASSIM COMO EU!
muitoo enteressante...amei!
ResponderExcluirqueria que algum psicologo mim add pra poder conversamos estou pensando em fazer psicologia também! paula_atrevida15@hotmail.com
beijos..valeu!!!